Gestação e alimentação saudável

Gestação e alimentação saudável

10

jan 2024

Por:Débora Nunes
Sem categoria

O período gestacional é uma fase muito importante na vida da mulher e ele requer um cuidado maior com relação a alimentação e nutrição que é ofertada para a mesma, pois nesse momento, além das necessidades individuais, há também que se preocupar com a saúde do feto, bem como ofertar uma boa alimentação que seja rica em nutrientes capazes de prevenir e evitar doenças fetais. Além disso, a inadequação do peso, para mais (sobrepeso ou obesidade) ou para menos (baixo peso ou desnutrição) é causa de algumas doenças que resultam na morte das mulheres e até dos bebês durante o trabalho de parto devido ao aumento do risco de complicações.

Pesquisas recentes apontam que alguns dos problemas mais comuns entre os adultos, como diabetes, doenças cardíacas e obesidade, podem ter origem ainda no útero da mãe. Isso porque, entre a 28ª e a 40ª semana de gestação, o bebê tem crescimento de 350%.

O aumento da glicose na corrente sanguínea da gestante relaciona-se ao aumento da circunferência abdominal do bebê. Dessa forma, quando o consumo de açúcar e carboidratos na gestação é elevado, o bebê pode nascer com predisposição para desenvolvimento de obesidade, diabetes e doenças do coração.

Alguns nutrientes são essenciais para garantir que o bebê se desenvolva com saúde desde a barriga da mãe e, hoje vamos falar de alguns deles.

Ômega 3

Os ácidos graxos poli-insaturados, mais especificamente o alfa-linolênico, por não ser sintetizado pelo organismo, constitui em ácido graxo essencial (AGE). É considerado como um nutriente fundamental para o perfeito desenvolvimento cerebral do bebê, tanto antes quanto após o nascimento. O Ômega-3 tem importante função na parte neurológica, formação da retina, desenvolvimento físico e cognitivo do bebê. Pelo fato de o leite materno ser uma das fontes principais desses ácidos, pode-se observar que os bebês amamentados possuem um desenvolvimento mais saudável em comparação com os não amamentados. As principais fontes de ômega são peixes como atum, sardinha, nozes, linhaça, chia, amêndoas, semente de girassol, grãos de soja, abacate, ovos, espinafre, dentre outros.

Ácido fólico

O ácido fólico (que também pode ser chamado de folato) é uma vitamina pertencente ao “complexo B”. Ela é, mais especificamente, chamada de vitamina B9 e tem uma participação essencial na saúde das pessoas e, claro, dos fetos. De acordo com orientações atualizadas do Ministério da Saúde, a suplementação vitamínica com ácido fólico é recomendada para a mulher em idade fértil, dois meses antes de engravidar e nos dois primeiros meses da gestação.

Entre as suas principais funções estão o desenvolvimento de células e tecidos variados, como o sistema nervoso. Além disso, ela participa da manutenção da saúde das hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) e da produção de DNA. Sendo assim, é essencial para todas as etapas das nossas vidas. Para os bebês, é importante ao longo de todo o desenvolvimento até o momento do parto.

O objetivo é prevenir defeitos no tubo neural do feto, formado no momento inicial da gravidez. A ingestão da substância reduz em até 75% o risco de má formação dessa estrutura, prevenindo casos de anencefalia, paralisia dos membros inferiores, incontinência urinária e intestinal dos bebês, além de diferentes graus de retardo mental e de dificuldades de aprendizagem escolar. A dose para suplementação do ácido fólico é de 400 µg (0,4 mg) diariamente. Sua forma natural, o folato, é encontrada em vegetais de folha verde escura, como couve, brócolis e espinafre, porém ele é mal absorvido pelo organismo. Dessa forma, a forma sintética é a alternativa mais eficaz e prática para a mulher.

Ferro

A anemia por deficiência de ferro é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil em virtude das altas prevalências e da estreita relação com o desenvolvimento das crianças. No mundo, é considerada a carência nutricional de maior magnitude, destacando-se a elevada prevalência em todos os segmentos sociais, acometendo principalmente crianças menores de dois anos de idade e gestantes (WHO, 2008; BRASIL, 2009a).

Os sintomas mais comuns da anemia incluem sensação de fraqueza, tontura, alteração da memória, redução da capacidade de realizar exercícios, dificuldade de aprendizado, sonolência, irritabilidade e sensação de palpitações.

O ferro é um micronutriente essencial para a vida e atua principalmente na síntese de células vermelhas do sangue (hemácias) e no transporte do oxigênio no organismo. Há dois tipos de ferro nos alimentos: ferro heme (origem animal, sendo mais bem absorvido) e ferro não heme (encontrado nos vegetais).

São alimentos fontes de ferro heme: carnes vermelhas, principalmente vísceras (fígado e miúdos), carnes de aves, suínos, peixes e mariscos. São alimentos fontes de ferro não heme: hortaliças folhosas verde-escuras e leguminosas, como o feijão e a lentilha. Como o ferro não heme possui baixa biodisponibilidade, recomenda-se a ingestão na mesma refeição de alimentos que melhoram a absorção desse tipo de ferro, por exemplo, os ricos em vitamina C, disponível em frutas cítricas (como: laranja, acerola, limão e caju), os ricos em vitamina A, disponível em frutas (como: mamão e manga) e as hortaliças (como: abóbora e cenoura).

Bons hábitos alimentares desde a vida uterina garantem ao bebê e a mamãe a certeza que as complicações serão reduzidas/evitadas. Não pode faltar um prato colorido, cheio de nutrientes, vitaminas e minerais contribui para prevenção de uma série de ocorrências negativas, assegura reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto, garante substrato para o período da lactação, como também favorece o ganho de peso adequado de acordo com o estado nutricional pré-gestacional.

É importante também estar atenta aos alimentos que devem ser evitados que são os que são ricos em açúcares, alimentos enlatados e industrializados, frituras e alimentos embutidos pois eles contêm muitos conservantes químicos e aditivos, que podem favorecer o ganho de peso da mãe e piorar a saúde gestacional dela e do bebê. As refeições devem ser distribuídas de modo que não hajam intervalos maiores que o período de 3h entre uma e outra, e que sejam incluídos todos os grupos saudáveis como proteínas (ovos, leite, queijos e carnes magras), frutas, verduras, legumes e vegetais, carboidratos completos e integrais como as raízes e também não esquecer da quantidade de água diária, pelo menos 2L por dia. A boa saúde começa desde a barriga!

Nutricionista Amada Severo

CRN 6 33051